sábado, agosto 31

Pecinha Verde

Depois de muito tempo bateu a inspiração em mim e resolvi escrever um texto, isso mesmo, engenheiros também escrevem, não tão bem mas escrevem. Estou me preparando para ir para o Reino Unido ano que vem. Calma! Ainda não tem nada definido. Para entrar nas universidades lá, é necessário escrever uma carta dizendo um pouco sobre você, quais as suas qualidades, porque escolheu o curso e tal. Nesse clima eu escrevi o texto abaixo, espero que gostem.

Porque escolhi cursar Engenharia Elétrica? Sempre fui fascinado em descobrir como as coisas funcionam, sejam elas mecânicas (como motores), elétricas (como TVs) ou mecatrônicas (como braços robóticos). Lembro muito bem de quando era criança e ganhei um relógio digital. Passava horas e horas observando os números mudarem naquela pequena tela de cristal líquido pensando em como que aquilo funcionava, pensando em quem contava as horas, de vez em quando acionava o botão light e ficava observando as cores que apareciam na tela, sem nem mesmo saber que aquilo se chamava LED. O tempo foi passando e minha curiosidade aumentando, até que tomei uma decisão que mudaria minha vida: abrir o relógio e ver o que tinha dentro! Peguei a caixa de ferramentas e botei a mão na massa. No começo fiquei decepcionado pois esperava que tivesse muitos operários minúsculos trabalhando em uma pequena máquina com muito esforço para que as horas não se atrasassem nunca, mas o que vi foi uma pequena peça verde com uns riscos e uma pequena bateria, tentei montar o relógio novamente e não consegui (lá se foi meu primeiro relógio).
Mas como que aquilo mudou minha vida? Bom, mesmo decepcionado, minha curiosidade em saber como aquela pequena pecinha verde contava as horas ainda era imensa, fiquei com a imagem daquela peça na mente por muito tempo, até que um dia o controle da televisão caiu no chão e abriu em várias partes e para minha surpresa, lá estava ela novamente, a tal pecinha verde, só que desta vez um pouco maior e com algumas coisinhas penduradas nela. Foi então que, mesmo criança, mesmo com a imaginação dos pequenos operários na cabeça, consegui chegar a uma conclusão: pecinhas verdes controlam as coisas.
Agora minha curiosidade já era outra, eu já sabia como eram as peças que compunham o relógio e o controle da TV, mas o que me intrigava era: Como que essas pecinhas conseguem contar as horas? Ou mudar o canal da TV? Uma resposta que eu (Cláudio, estudante de engenharia) daria para mim mesmo (Cláudio, criança curiosa) era: Ora bolas! Através da eletricidade. Mas eu era imaturo demais para conseguir relacionar a bateria do relógio e a pilha do controle com o funcionamento deles. Então, resolvi pesquisar sobre o assunto. Mas onde? Na época as bibliotecas que eu frequentava não tinham livros que falavam sobre a tal pecinha verde, a internet era apenas discada e eu nem tinha computador naquele tempo.
Então a dúvida continuou na minha cabeça por muito tempo, todos os dias eu pensava na pecinha verde e minha curiosidade só aumentava. Foi então, no primeiro ano do colégio, que minha família adquiriu o primeiro computador. Assim que meu pai ligou o computador, que eu escutei o barulho dos coolers e o símbolo do Windows apareceu na tela, pensei: Cara, tá cheio das pecinhas verdes aí dentro dessa caixa branca! Então, em termos matemáticos, se minha curiosidade para saber como funcionava a pecinha verde era X, a partir daquele momento ela se tornou 10X, não me contive, na primeira oportunidade que tive abri a tal caixa branca. Quando tirei a tampa, quase caí para trás, meu mundo se transformou, inclusive por alguns instantes a Terra parou de girar naquele momento: Não tinha uma pecinha verde! Mas não fiquei triste pois tinha muito mais do que eu podia imaginar! - e não era os pequenos operários - Tinha uma grande peça azul, com muitos detalhes em cinza e outras peças verdes acopladas a grande peça azul, um emaranhado de fios de diversas cores e duas pequenas caixas de metal e dois coolers. A primeira coisa que veio a minha cabeça foi: Meu Deus! Se eu não sei como funciona uma pequena pecinha verde, imagina uma grande peça azul?
Então fechei a caixa branca, liguei o computador, sentei na cadeira e disse: Não levanto daqui enquanto não aprender como essa coisa funciona. Fucei em tudo que é parte do computador, abri gerenciador de dispositivos, internet explorer, instalei e desinstalei programas e comecei a pesquisar sobre a grande peça azul, descobri que ela se chama placa mãe, que as pecinhas verdes se chamam placas de fenolite, utilizada para componentes eletrônicos (relógio, controle da TV e memória RAM), que os fios coloridos interligam a energia elétrica no interior do computador e que as caixas metálicas são HDs, mas, o mais importante de tudo foi: Aprendi que aquelas pecinhas funcionam com energia elétrica e além disso as informações no interior do computador são transportadas através da energia elétrica.
A partir daquele dia meu mundo era outro, decidi que queria trabalhar com aquilo pelo resto da minha vida. E o tempo foi passando, o contato com as pecinhas verdes (agora em versões azuis, vermelhas e de todas as cores possíveis) foi aumentando, comecei a “brincar” com Arduino, com diversos componentes eletrônicos, aprendi a programar (bem mal por sinal) e inclusive montei meu computador todinho, peça por peça. Descobri que o mundo todo funciona com energia elétrica: Bancos, hospitais, casas, carros, celulares, televisão, ventiladores, refrigeradores e até livros (e-Readers). Descobri que a tal energia elétrica é essencial para os seres humanos. Podemos viver sem ela? Sim, mas pensar dessa forma é regredir, pois podemos viver sem energia elétrica assim como podemos viver sem a roda, mas que as duas coisas nos ajudam e muito, ninguém tem dúvida disso.
Então no dia da inscrição para o vestibular, não tive dúvida, escolhi engenharia elétrica, pois eu queria criar algo que transformasse a maneira de viver dos seres humanos, e claro, com minhas pecinhas verdes. Entrei para a Universidade. No começo confesso que me decepcionei, e muito, pois, para trabalhar com as tais pecinhas verdes era necessário passar por um processo de tortura medieval que incluía estudar matemática e física dias e noites, sem nem mesmo saber onde iria aplicar aquilo. Para falar a verdade, existem disciplinas que eu cursei e não sei até hoje onde aplicar esse conhecimento, acredito que foi nada mais nada menos que pura perda de tempo (mas isso não vem ao caso).
Agora depois de dois anos (e já curado do trauma da tortura) estou aprendendo da maneira mais aprofundada possível como que as tais pecinhas verdes funcionam, temos nela trilhas de circuitos que funcionam com capacitores, indutores, resistores, transistores e o mais pop de todos, o amplificador operacional (não é verdade?). O cálculo aprendido na tortura é amplamente utilizado aqui, temos integrais, derivadas e séries que na época da tortura eram irritantes e hoje são nossos melhores amigos (acredite, cálculo simplifica sua vida). A física aprendida na tortura te ajuda a entender fenômenos que acontecem com um circuito que nem Thomas Edison conseguiria te explicar (acredite a física consegue explicar o eletromagnetismo, que é uma das coisas mais abstratas do mundo). Agora eu consigo enxergar coisas que posso fazer com minhas pecinhas verdes, posso transformar o mundo com elas.

Mais uma vez meu mundo é outro, se tudo der certo irei para o Reino Unido ano que vem para aprender mais ainda sobre as pecinhas verdes, e voltar com conhecimento suficiente para que ao invés de mudar meu mundo eu possa mudar seu mundo e torná-lo cada vez melhor.


Esse texto eu dedico ao pessoal dos primeiros períodos de Engenharia Elétrica (não desanimem), para o pessoal que apoiam a minha ida para o Reino Unido (familiares e amigos - não cito nomes para não esquecer ninguem e depois dar briga. E não sei porque, escrevi esse texto pensando em uma professora minha, ela me chamava de menino do blog (saudades das aulas dela!).

quinta-feira, agosto 22

Passei por aqui


Hey guys, muito tempo sem postar por aqui então resolvi movimentar essa página novamente. Estou bem e a faculdade tá uma beleza (parece até que irei para o Reino Unido ano que vem). Vou colocar um texto que escrevi ha um tempão, espero que curtam!


Como ser ecologicamente correto?

Ser ecologicamente correto é buscar o equilíbrio, um exemplo básico disso é o ato de construir sua própria mesa de computador. Primeiro, o que leva você a comprar uma mesa de computador? Tempo. Geralmente as pessoas não tem tempo para montar a sua própria, tem de cuidar dos filhos, estudar, trabalhar, limpar a casa. Então pagamos pelo tempo, tempo esse que um marceneiro ou uma empresa vende para fazer o seu produto. Segundo, conhecimento, as vezes não temos o conhecimento necessário para fazer uma mesa de computador, então pagamos pelo conhecimento que um marceneiro ou uma empresa vende para fazer o seu produto.

E onde está o equilíbrio nisso? Está em relacionar o que você paga com o que você pode fazer por conta própria. Por exemplo, a partir do momento que você equilibra o tempo que você paga por ele e o tempo que você arruma para ficar livre, e/ou o momento que você equilibra o conhecimento que você paga por ele e o conhecimento que você pode arrumar por conta própria. Esse equilíbrio te torna ecologicamente correto. (Lembrando que você tem que equilibrar, até porque você não vai ter tempo pra tudo e nem conhecer sobre tudo).

Lembrando que para que uma empresa crie sua própria mesa é necessário energia para a indústria funcionar, para criar as máquinas, para transportar as matérias primas e as mãos de obra, ou seja, quando você cria sua mesa, há uma economia de energia, economia essa, inteligente. É muito mais inteligente você fazer esse tipo de economia do que deixar de usar um computador por exemplo. É muito mais inteligente você colocar uma placa de energia solar para alimentar o chuveiro, do que você colocar uma lâmpada de baixa potência e se esforçar para ler um livro a noite. É mais inteligente você andar de ônibus do que em um carro básico.


Então lembre-se, equilibre, assim você vai ser ecologicamente correto.




Falou galera e até o próximo post!